Prisão
Enquanto olha o céu tudo se torna alheio, o seu redor dissipa-se e é transportado para outra dimensão. Os seus olhos prendem-se a nada mais senão à imensidão do Universo. A pequenez do seu corpo, da sua matéria física, envolve-se com aquilo que apenas alcança com o olhar. E esse mesmo olhar enche-se com o vazio daquilo que apenas poderá imaginar que está presente, que realmente existe, a figura, a entidade que deu origem a todas as coisas. Não seria de esperar que algo ou alguém teve a primeira ideia de pintar a tela que um dia esteve em branco para dar origem a um mundo repleto de vidas alheias a toda a envolvência da imensidão do Universo?
E por muito mais tempo que possa aguentar olhando o céu, é inevitável o pensamento e a negação de que poderá estar sozinho, de que a solidão na contemplação de algo imenso e indistinto poderá ser apenas partilhada pelo seu pensamento. Mas quando as certezas nascem no interior do nosso íntimo consciente o período de segurança é efémero, todas as bases em que se sustenta para justificar a sua existência falecem e rompem-se com a indefinição do conhecimento que sabe que não pode alcançar - pois sempre que tomar por garantido o pensamento e a certeza da razão para a sua existência existirá sempre uma tela por pintar.
Palavras e expressões escolhidas:
- indefinição
- vazio
- tela
- solidão
- imensidão - antónimo: prisão
Adorei muito profundo continua :P
ResponderEliminarGostei especialmente desta deixa a pensar
"Não seria de esperar que algo ou alguém teve a primeira ideia de pintar a tela que um dia esteve em branco para dar origem a um mundo repleto de vidas alheias a toda a envolvência da imensidão do Universo?"