sexta-feira, 13 de julho de 2012

Inversão

Os sinais e rugas mapeados pelas mãos engelhadas e amarelas abrem o mundo pela janela. Há muito que este momento está pensado e arquitectado, há muito que tem de novo os seus sete anos deixando para trás a carcaça velha cheia de ossos gastos numa outra dimensão. Vive no sonho e o sonho vivia intensa e infinitamente. Nunca realmente adormeceu e nunca realmente acordará, apenas vive sonhando acordada e procura o que nunca foi capaz de encontrar. Está agora empoleirada no parapeito, pronta para voar. As pernas pressionam o chão, o ar agarra as suas mãos e está pronta para voar. O mundo espalha-se pelo seu corpo enquanto o sonho lhe permite abrir asas e planar. Pertence agora ao mundo do seu mundo, é espírito no seu interior, é vida que lhe escorre pelo sangue, são lágrimas insaciáveis que curam as suas veias. Quando finalmente todo o corpo se desperta, os seus olhos não abrem realmente, as suas mãos não foram permitidas entre os céus, mas continua voando num sonho de brincadeira que se dilui por todo a realidade deixando-a eternamente a planar.

Sem comentários:

Enviar um comentário